terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Perde-se uma moça, acha-se uma aliança


Ele chegou ali, naquele lugar horrível, obscuro, triste. Ele estava no cemitério com aquelas pessoas vestidas de preto chorando e rezando. A mãe da moça que estava velada parecia desesperada e seu marido tentava acalmá-la. O padre terminou as preces e o caixão foi enterrado. O homem esperou todos irem embora e nem sequer percebeu que havia uma mulher ali. Ela questionou:
 -O que você era dela?
 -Um ex-namorado.
 -Bruno?
 -Sim. Como sabe?
 -Fui a médica dela. Fui eu quem a operou. Nos últimos três dias ela falou de você.
O homem começou a chorar. Respirou fundo e perguntou:
 -Do quê ela morreu?
 -Ela usou da pouca força que tinha para tirar o soro e o respiradouro.
 -Ninguém me contou isso. Que droga, nem tempo tive de ir vê-la.
 -Engraçado isso. Ela viu você com outra, vocês brigaram. Ela saiu correndo e foi atropelada. Onde você estava? As pessoas a socorreram e ela foi levada ao hospital. Eu operei-a e ela ficou bem. Onde você estava? Ela tirou a própria vida e foi enterrada hoje. Você está aqui.
 -Eu não podia ir vê-la.
 -É claro que não. Um homem casado com filhos sempre está ocupado, não é mesmo? O senhor é um homem ocupado, mas tinha suas horas livres para se divertir com a amante que nem sequer sabia que era sua amante.
 -Ela te contou tudo isso?
 -Contou. Eu perguntei a ela: "Vitória, você sabe o que vai fazer quando sair daqui?" Ela respondeu: "Não sei o que vou fazer, mas sei aonde vou." Agora todos sabem onde ela está.
 -Eu amei ela.
 -Claro. O corpo dela era tão lindo. Ela tinha uma maturidade fora do comum, mas sem perder a sua juventude. Uma garota tão sonhadora... É claro que ela se encantaria por palavras bonitas.
 -Tudo bem, você venceu. Eu fui um homem ruim, mas estou arrependido.
 -Que ótimo! Agora, por favor, use o seu arrependimento para trazê-la de volta.
A médica virou as costas e se foi. O homem voltou pra casa e logo a esposa disse:
 -Amor, achei sua aliança, estava no fundo da gaveta do banheiro, acredita? Como foi parar lá?
 -Eu devo ter tirado para tomar banho ou lavar as mãos e coloquei lá pra não perder. Desculpe querida... Eu te amo.
De algum lugar, Vitória pensava: "Sim, você esqueceu na gaveta. Quando tirou a aliança, tirou o caráter e quando esqueceu ela na gaveta, esqueceu-se de mim e da sua família”.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Pós 21/12/12

Bom, eu não aguento e tenho que falar um pouco sobre o suposto "fim do mundo no dia 21/12/12". Eu postei acho que umas duas vezes aquele trecho da Bíblia que é deixado bem claro que apenas Deus saberá quando ocorrerá o fim do mundo. Confesso que me irritei muitas vezes quando traziam à tona este bendito assunto.
Isto parece fazer parte do ser humano: querer prever coisas imprevisíveis, quer dizer, tudo bem, acredite no que quiser, tenha fé no que optar, porém eu deixo a pergunta: será que você tem bons motivos para acreditar no que acredita? Eu acredito em Deus, porque acho que muitas coisas que aconteceram na minha vida e na vida de meus familiares só pode ter sido um milagre. Eu aqui tive um fundamento. Agora pergunto àqueles que acreditavam no fim do mundo: qual foi o fundamento de tal teoria? Até agora que usei como argumentos o fato de eu não acreditar nisso a Palavra de Deus, que está expressa na Bíblia. A quem não acredita no Livro Sagrado, fazer o que? Eu acredito e usei isto como argumento, mas até hoje ninguém que acreditava no fim do mundo me disse concretamente o por quê de tal teoria.
Se você que está lendo isso um dia acreditou no 21/12/12 desculpe as piadas, os xingamentos e etc. mas olhe em volta, o mundo não acabou...
"Mas ninguém sabe nem o dia nem a hora em que tudo isso vai acontecer, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai."
Será que este pequeno trecho, que fala tanto mas parece que poucos entendem, não se aplica ao fim do mundo na virada do ano de 2000? E ao 06/06/06?
O problema do ser humano é que ele perde tempo pensando em coisas que realmente não se podem definir e não pensa que o mundo está acabando agora, estava acabando em 2000, no 06/06/06, estará acabando amanhã, pois nós, pessoas, estamos acabando com ele. O mundo pode acabar agora, dia 22 de dezembro de 2012 porque Deus quis, porque Ele talvez pensou que o ser humano não tem mais salvação e que é hora de reconstruir tudo. Ou talvez o mundo acabe daqui a milhões, bilhões de anos, porque Deus quis. Talvez Ele pense que o ser humano merece uma nova chance.
Então meus caros, pensem, não dói e é de graça.
Brenda Wetter Ipê da Silva - 22/12/12 - 00:50
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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Coração X Cérebro


Ela andava tranquilamente pela rua, quando, do nada, o coração começou a bater extremamente rápido. O restante dor corpo se agitou, estavam todos alertas. O cérebro, indignado, pergunta:
- Coração, por que bates assim tão forte?
O coração responde:
- Pergunta para os olhos, ué.
- Olhos, o que vocês viram que fizeram o coração ficar assim?
Os olhos respondem:
- É aquele... Aquele garoto!
O coração disse:
-Ai meu Deus! Cabelo se ajeite, por favor. A senhora coluna poderia ficar reta? E lábios, fiquem bonitos...
As ordens continuaram e o cérebro, indignado disse:
- Ei, parem com isso! Ele não merece! Coração, ela vai se magoar de novo!
O coração irritado responde:
- Não, não vai. Esse garoto é diferente. Agora fique quieto e faça o seu trabalho! Ah, mande os pulmões se acalmarem, a respiração dela está difícil.
- Não há como eu mandar que façam isso, seus batimentos estão muito acelerados.
- Então me acalme, oras!
O cérebro se irritou, mas tomou uma atitude: fez com que a boca contasse tudo para outra amiga, que disse tudo o que o cérebro pensava. Mas o coração era teimoso, não queria ouvir e fazia de tudo para que o cérebro não o vencesse. Para isso, ele deixou com que os olhos enxergassem, mas que ficassem cegos ao verem a situação. Fez com que os ouvidos fossem tapados, mas deixou a boca continuar falando.
O coração era ruim, acabou fazendo com que da boca daquela moça só saísse a frase “sim, amor” e quando o cérebro percebeu, estava recebendo informações de “eu te amo” o tempo todo e logo se viu fazendo movimentos... Movimentos do tipo, tirar a roupa. O cérebro recebeu informações de um garoto nu e a sua menina nua também. O cérebro viu os dois em uma cama, e dentro do corpo, percebeu os hormônios loucos e o coração completamente cego de amor.
Triste, o coração desistiu e foi conversar com os neurônios:
- Somos fracos? – Perguntou o cérebro
-Não meu caro, o coração é, e vai ficar ainda pior quando acontecer o que nossas informações já processaram.
O coração estava nas nuvens, quando de repente percebe que os olhos mostraram a imagem de uma nova mensagem no celular da moça, que era do seu amor. Nela dizia:
“Desculpe, você não é o que eu esperava, foi bom o que passamos, mas estou terminando. Adeus”.
Esta simples mensagem fez o coração enlouquecer. Ele gritava com todo o restante do corpo:
- Olhos chorem! Cabelos se baguncem! Boca grite! Braços fiquem agoniados! Pernas caminhem de um lado ao outro! Cérebro fique confuso!
Todos obedeceram, exceto o cérebro. Ele disse:
- Confuso? Eu? Eu e os neurônios trabalhamos dia e noite para fazer com que você visse quem era aquele garoto de verdade. Tentamos várias vezes te mostrar a voz da amiga avisando o quanto a nossa menina sofreria. Por que não nos escuta? E o pior é que ela está mal e...
O sermão do cérebro continuou, porém o cérebro, muito esperto, enquanto brigava com o coração, mandou as pernas se levantarem e irem até perto do celular da moça, para que os braços o alcançassem e os dedos discassem o número de sua melhor amiga. Ela ligou e a amiga brigou com ela, mas depois a consolou. O coração se aconchegou e o cérebro comemorou, afinal, ele quem dava as ordens a partir daquele momento.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Que país é esse? Educação


Estamos em uma fase em que temos falar o que pensamos para melhorarmos (ou pelo menos tentarmos melhorar) e é isso que eu vou fazer.
Como todos sabem, estamos em crise em relação à educação brasileira. É horrível saber o quanto estamos atrasados por falta de educação. Todos sabem que a economia brasileira cresce de forma que realmente nos assusta, afinal, o crescimento é enorme. Tudo bem, o crescimento é grande, mas já parou pra pensar o quanto ele seria ainda maior caso tivéssemos uma educação decente?
Não me entendam mal. Educação decente é aquela em que alunos de escolas públicas não precisem de cotas para poder entrar em uma universidade. Não estou me colocando contra ou favor de cotas, afinal, confesso não ter lido muito sobre isso, mas o que quero dizer é que chegamos a um nível absurdo. Sou gaúcha e, como os gaúchos sabem, a universidade mais procurada do Rio Grande do Sul é a UFRGS, a qual tinha como objetivo permitir que as pessoas de baixa renda pudessem cursar uma faculdade. Eu disse que ERA o objetivo. Hoje em dia temos pessoas ditas “ricas” dentro desta universidade, afinal, apenas os inteligentes passam nessa prova. Errado. Quem passa no vestibular desta universidade são aqueles que tiveram um preparo maior e melhor, no caso, alunos que estudaram em escolas suficientemente boas, ou seja, escolas particulares. Sim, há escolas públicas boas ou alunos inteligentes, mas é injusto saber daquela maioria que deveria ter direitos iguais, mas não têm.
O que me deixa chateada é que eu sou apenas uma patricinha mimada que sonha em um dia este texto ser divulgado. Sou uma princesinha, filhinha de papai que estuda em um colégio de rico. É assim que me chamam. Pois bem, sou tão patricinha que estou denunciando algo que eu poderia simplesmente nem ligar, pois eu tenho condições de fazer cursos e etc. ao contrário de muitos jovens que não têm a metade de coisas que eu tenho. A “riquinha” está defendendo os “pobretões”. Linda essa sociedade. Fica perdendo tempo rotulando as pessoas e não se preocupa em melhorar algo que está bem errado. Tem tantos jovens “pobretões” que têm uma mente brilhante, mas desistem de reclamar, de fazer barulho, de exigir os seus direitos porque outra parte que simplesmente quer ficar rotulando não quer ajudar a reclamar por algo que deveria ter, mas não tem porque não corre atrás.
Infelizmente só professor fazer greve não basta, porque além do absurdo que é o salário do professor, ainda há problema de escola caindo aos pedaços, aluno pichando paredes e não podendo ser punido por que é “antiético”, livros que já foram usados por outros jovens, materiais escolares de pouca qualidade e outros vários problemas que não conheço, graças a Deus.
Perdoe-me, caro leitor, esqueci que vivemos no Brasil. Lembro-me como se fosse ontem de uma menina que resolveu tirar fotos dos problemas nas instalações da escola onde estudava e como eram as aulas. A garota postava as fotos e vídeos em uma rede social, mas os colegas zombavam dela. O problema foi resolvido e de uma hora pra outra ela virou heroína. Talvez isso aconteça comigo, mas eu não ligo, vivo em uma sociedade covarde e, quando alguém toma uma atitude, é tachado como “idiota”, fazer o quê?
Quero terminar este texto dando um recado àqueles que não querem mais uma educação assim: vão em frente, façam textos, movimentações na internet, protestos, façam projetos com seus professores, mostram que vocês são os cidadãos do futuro e que querem um Brasil diferente. E a vocês, que gostam tanto de dizer que não se importam, que dizem não querer saber de escola, e mais outras várias baboseiras, só tenho uma coisa a dizer: nos vemos no futuro. Aquele que lutou para ser alguém será o seu chefe, tudo porque achou que uma educação digna não faria diferença. Educação faz sim a diferença, e o povo brasileiro precisa entender isso. Chega de mulheres exibindo o corpo e homens só pensando no corpo delas, queremos pessoas inteligentes, que mudem e façam com que o Brasil se torne uma potência mundial. Isso é possível se tivermos uma EDUCAÇÃO DE QUALIDADE.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Realidade e sociedade: Desabafo


Confesso que fiquei bastante surpresa com certas coisas que andaram acontecendo ultimamente. Este é o primeiro texto que vou falar um pouco de mim e da minha visão sobre o que está acontecendo à minha volta.
 Desde a 6ª série, confesso que menti um pouco sobre algo que nunca tinha acontecido comigo: a tal coisa que se chama “ficar”. Eu disse que tinha ficado com um garoto, mas não, não fiquei. Minha mãe sempre foi muito objetiva e, quando eu ia a alguma festa, saía com os amigos e etc. ela deixava bem claro que não queria saber de eu “ficando” com ninguém. Eu cresci tendo o conhecimento da frase “Manda quem pode, obedece quem tem juízo” Então eu sempre a obedeci. O tempo passou e eu sempre respeitei as ordens dela, até chegar à idade que tenho hoje, 13 anos. Sim, perdi o “bv” com 13 anos. Velha pra minha idade, talvez. Ok, eu assumo, é tarde. Pelo menos pelos dias de hoje, é tarde.
Eu realmente não entendia aquelas garotas que diziam que estavam necessitadas de beijo e que queriam um namorado, isso com uns 11 ou 12 anos. Hoje em dia as frases mudaram: elas se gabam porque bebem muito, porque vão em festas, e que, popularmente falando, “dão” pro namorado aos 13 anos de idade. Não estou descriminando aquelas que acham estarem prontas assim, tão novas. Respeito, se elas acham que é o certo e que a família não veria problema, vá fundo. Não vejo problemas nisso, não vejo problema mesmo. O problema está na pressão. Lá no inicio eu comentei que menti não ser mais “bv” aos 11 anos e isso porque eu era motivo de piada. Sim, se você é “bv” aos 11 anos, você é a piada da turma. Quer dizer então que se eu optasse em, por exemplo, me casar virgem, seria mais uma vez motivo de piada?
Eu realmente não entendo a sociedade. Se você aos 11 anos já está indo em festas e está “ficando” com vários você é (desculpe o vocabulário) puta. Se você beija pela primeira vez aos 13 anos é santinha ou atrasada. Não entendo também a frase escutei desde a 5ª série: “Os garotos querem tirar a virgindade de todas, mas querem casar com uma virgem”. Como assim? Se há resposta pra isso, não quero saber. Provavelmente já uma justificativa bastante ridícula pra me fazer ficar ainda mais brava.
Alguns me chamarão de machista, mas confesso estar realmente brava com as mulheres de hoje em dia. Minha mãe e minha avó contam histórias de homens e suas atitudes e realmente não se diferem dos dias de hoje, mas elas contam das atitudes das mulheres para fazer com que aquele garoto a respeitassem e é então que eu vejo a mudança de tempos. Tempos em que a garota aceitar ter relações com o garoto sem camisinha porque ele diz que é melhor se não usarem. Tempos em que vemos garotas postando em redes sócias a sua vida, dizendo que o namorado terminou e etc. Vivemos em um tempo que a garota conhece um garoto “fofo” e se apaixona, mas esquece de perceber que ele está sendo fofo com outras várias garotas.
Desculpe. É que estou um pouco irritada. Eu estou percebendo as coisas e as pessoas me tacham como “fria”, “durona” e até mesmo “insensível”. Talvez eu seja mesmo. Mas talvez eu seja uma pessoa realista e revoltada com o mundo e como eu não gosto de briga, fiz esse texto. Quem se identificar, legal. Que não se identificar, fazer o quê? Quem não leu pelo tamanho do texto, que pena. Às vezes é bom ler coisas pra fazermos críticas, mas de preferência, críticas inteligentes, por favor. A princípio é isso.
                                                                                                                                         - Brenda Wetter

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Realidade e sociedade: Duas grávidas em uma só


-Meninas! Estão sabendo?
-Sabendo o que?
-A Elisa tá grávida!
-A Elisa? Não creio! Nossa, jurei que ela não era dessas.
-Eu também pensei isso, mas quando eu ouvi ela e a Clara conversando vi que ela é uma vadia.
-O que elas falaram?
-Eu só ouvi um pouco... Ela disse assim: "O problema é que meu filho não vai ter pai." aí a Clara disse: "Ah é verdade né? Você não sabe quem é e nem tem como saber." aí a Elisa disse: "Não..." aí ela começou a chorar e eu saí.
-Ai meu Deus! Então ela é uma vadia mesmo.
-Com certeza. Aposto que ela fez esse filho quando estava numa festa, completamente bêbada e deu pra um qualquer.
-Gente, para tudo! Foi assim que a Márcia ficou grávida, lembram?
-Verdade... Ai credo, nessa cidade só tem vadia.
-Tá, mas olha só, eu contei pra vocês, mas vocês não podem contar pra ninguém, tá?
-Claro amiga, segredo!
Uma semana depois a cidade toda estava sabendo que Elisa estava grávida, que havia bebido muito numa festa e que o pai era um qualquer desconhecido.
Quando a história chegou aos ouvidos de Elisa, ela chorou e sofreu, afinal, a história não foi bem assim. Aqui está a conversa toda de Elisa e a amiga Clara:
-Clara... Eu to grávida. (choro) Aquele infeliz que me estuprou me engravidou mesmo...
-Amiga, você foi estuprada, tem direito a abortar.
-Não quero, não vou tirar meu filho de mim, não mesmo.
-Tudo bem, minha flor. Já contou pro seus pais?
-Já.
-E eles?
-Graças a Deus entenderam e aceitaram a minha decisão. O problema é que meu filho não vai ter pai.
-Ah é verdade né? Você não sabe quem é e nem tem como saber.
-Não... (choro desesperado)
-Amiga, calma, eu to aqui, tá? Se você precisar, já sabe, conta comigo. Agora deixa eu te levar pra casa.
Bom, deu pra entender que a nossa sociedade não confunde as coisas, mas sim, cria histórias que deem mais ibope. Quer um exemplo? Chamar a garota de coitada por ter sido estuprada não é tão legal quanto citar uma lista de xingamentos por ela ter engravidado de alguém.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Realidade e sociedade: Os "por que" da santinha

Era festa de 15 anos da Bruna, todo o pessoal do colégio estava lá. Os convidados foram chegando e depois de um tempo, Luciana chegou e se sentou ao lado das amigas. Luciana era alta, tinha lindas pernas, uma cintura fina, era negra de olhos verdes. Os cachos em seus cabelos dançavam quando ela caminhava, seu sorriso era lindo e sua boca grossa fazia daquela garota de 14 anos uma menina especial.
Por mais que fosse uma menina adorável, doce, simpática, divertida e outras várias características,  ela era motivo de piada entre os seus "amigos". Eles não acreditavam que uma garota daquelas era virgem e nunca arranjara um namorado. Ela teve seus "rolos", mas nunca namorou. Luciana deixava todos boquiabertos quando negava bebidas alcoólicas nas festas, mas eles não entendiam que ela simplesmente não precisava de álcool para ficar descontraída e divertida.
Luciana era inteligente, mas vivia se questionando de muitas coisas, como por exemplo, o porquê ela, que não fazia nada era a "santinha" da turma e aquela garota que fazia o que entre o grupo era "divertido" é chamada de vadia. Por que, para que uma cidade inteira lembre o seu nome você tem que beijar todos os garotos desta cidade? Por que os garotos querem namorar uma virgem, mas antes de namorar tiram a virgindade de várias? Engraçado isso, porque em uma das várias conversas que tinha com a mãe, descobriu que a mãe também fazia estas perguntas e até hoje não encontrou a resposta e se encontrou, preferiu não comentar porque não se orgulhou da resposta.
Luciana pensou nisso quando viu vários garotos virando duas garrafas de cerveja sendo que mal a festa havia começado. Coitados, eles precisavam daquilo para tomar coragem e paquerar alguma garota linda que eles não tinham coragem de falar na escola, por exemplo. Por que a bebida era uma brincadeira entre eles de quem bebia mais? Suas dúvidas foram interrompidas pela frase da amiga:
-Lu, aquele garoto tá de olho em você. Se eu não me engano, ele é primo da Bru. Ele é gato.
-Não sei se hoje eu estou com vontade de ficar com alguém. Acho que só quero me acabar dançando.
-Pode parar. A sua boca já está com teia de aranha de tanto tempo que você não fica com alguém.
-Por que eu preciso ficar com ele?
-Porque você tem que aproveitar a vida.
-Se ele tiver um papo legal, talvez role. Tá bom assim?
-Ótimo.
Luciana observou atentamente o garoto. Na frente dele só havia uma latinha de Coca-Cola e nenhuma cerveja. Era possível perceber que os amigos o ofereciam bebida, mas ele negava. Na hora em que a balada começou, ele se aproximou, os dois conversaram. Sim, ele tinha um papo legal e os dois "ficaram". Trocaram números de celular, um deu o msn pro outro e quando chegaram em casa se adicionaram no facebook.
Os dois tinham coisas em comum e ele a entendia e ela entendia. Ele era ciumento, afinal, era bastante chato ver que os outros olhavam para a namorada dele.
Luciana e o namorado tiveram a primeira relação sexual, então ela deixou de ser a "santinha", só que nem todos sabiam disto, afinal,  ela não queria fazer parte das garotas que precisavam assumir não serem mais virgens para serem populares. Luciana não queria fazer parte daquela, como diz o meu ídolo Felipe Neto, "Cultura da bunda". Aquela em que a garota que mais dá a bunda mais "popular" fica, e Luciana não queria fazer isso. Sabe aquela coisa do "se respeitar"? Então, ela tinha disso e acreditava nisso.