sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Realidade e sociedade: Os "por que" da santinha

Era festa de 15 anos da Bruna, todo o pessoal do colégio estava lá. Os convidados foram chegando e depois de um tempo, Luciana chegou e se sentou ao lado das amigas. Luciana era alta, tinha lindas pernas, uma cintura fina, era negra de olhos verdes. Os cachos em seus cabelos dançavam quando ela caminhava, seu sorriso era lindo e sua boca grossa fazia daquela garota de 14 anos uma menina especial.
Por mais que fosse uma menina adorável, doce, simpática, divertida e outras várias características,  ela era motivo de piada entre os seus "amigos". Eles não acreditavam que uma garota daquelas era virgem e nunca arranjara um namorado. Ela teve seus "rolos", mas nunca namorou. Luciana deixava todos boquiabertos quando negava bebidas alcoólicas nas festas, mas eles não entendiam que ela simplesmente não precisava de álcool para ficar descontraída e divertida.
Luciana era inteligente, mas vivia se questionando de muitas coisas, como por exemplo, o porquê ela, que não fazia nada era a "santinha" da turma e aquela garota que fazia o que entre o grupo era "divertido" é chamada de vadia. Por que, para que uma cidade inteira lembre o seu nome você tem que beijar todos os garotos desta cidade? Por que os garotos querem namorar uma virgem, mas antes de namorar tiram a virgindade de várias? Engraçado isso, porque em uma das várias conversas que tinha com a mãe, descobriu que a mãe também fazia estas perguntas e até hoje não encontrou a resposta e se encontrou, preferiu não comentar porque não se orgulhou da resposta.
Luciana pensou nisso quando viu vários garotos virando duas garrafas de cerveja sendo que mal a festa havia começado. Coitados, eles precisavam daquilo para tomar coragem e paquerar alguma garota linda que eles não tinham coragem de falar na escola, por exemplo. Por que a bebida era uma brincadeira entre eles de quem bebia mais? Suas dúvidas foram interrompidas pela frase da amiga:
-Lu, aquele garoto tá de olho em você. Se eu não me engano, ele é primo da Bru. Ele é gato.
-Não sei se hoje eu estou com vontade de ficar com alguém. Acho que só quero me acabar dançando.
-Pode parar. A sua boca já está com teia de aranha de tanto tempo que você não fica com alguém.
-Por que eu preciso ficar com ele?
-Porque você tem que aproveitar a vida.
-Se ele tiver um papo legal, talvez role. Tá bom assim?
-Ótimo.
Luciana observou atentamente o garoto. Na frente dele só havia uma latinha de Coca-Cola e nenhuma cerveja. Era possível perceber que os amigos o ofereciam bebida, mas ele negava. Na hora em que a balada começou, ele se aproximou, os dois conversaram. Sim, ele tinha um papo legal e os dois "ficaram". Trocaram números de celular, um deu o msn pro outro e quando chegaram em casa se adicionaram no facebook.
Os dois tinham coisas em comum e ele a entendia e ela entendia. Ele era ciumento, afinal, era bastante chato ver que os outros olhavam para a namorada dele.
Luciana e o namorado tiveram a primeira relação sexual, então ela deixou de ser a "santinha", só que nem todos sabiam disto, afinal,  ela não queria fazer parte das garotas que precisavam assumir não serem mais virgens para serem populares. Luciana não queria fazer parte daquela, como diz o meu ídolo Felipe Neto, "Cultura da bunda". Aquela em que a garota que mais dá a bunda mais "popular" fica, e Luciana não queria fazer isso. Sabe aquela coisa do "se respeitar"? Então, ela tinha disso e acreditava nisso.

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