25 de julho de 2009, Torres - Rio
Grande do Sul.
Dia comum, não havia nada diferente.
Daniela, moradora de Torres, não percebia nada fora do comum, já que era meio
do ano, não havia turistas e tudo estava calmo e normal. Até o horário de ela
voltar pra casa.
11h50min, finalmente, acabou a aula,
era hora de ir pra casa. Há dias que ela se sentia seguida por alguém, já que
nunca voltava pra casa com alguém, mas achou que era coisa da sua cabeça.
Porém, ao virar para entrar em sua rua foi surpreendida por três homens,
fortes, que a barraram. Logo ela percebeu um carro estacionado. Um dos homens
abriu a porta e disse:
-Entra!
Se negando, Daniela foi empurrada
pelos homens pra dentro do carro e os gritos por socorros foram em vão.
O carro parou na frente de um casebre
qualquer e ela sem qualquer noção de onde estava. Saíram do carro e a levaram
para dentro e a empurraram direto pro quarto. Foram questões de segundos: ela
foi estuprada e esteve lá por aproximadamente uma hora, uma hora e meia.
Ao terminarem o que desejavam, os
homens deixaram que ela se vestisse e a botaram pra fora, e ela, sozinha tentou
voltar pra casa e chegou lá às 17h30min.
Daniela, sem medo algum, contou para
os pais o que aconteceu e a família levou-a para a delegacia. Foi feito o exame
de corpo de delito e neste momento apareceu uma ginecologista da delegacia com uma
pílula do dia seguinte. Daniela recusou. A médica olhava para ela e para a
família. A mãe da garota chamou-a para conversar:
-Filha, posso saber por que tu não
quer tomar a pílula? Vá que tu estejas grávida!
-Aí é que tá. Meu filho já tá em mim,
não quero tirar ele de mim.
-Ah é? E tu achas que o teu namorado
vai te aceitar assim? Grávida? Os guris de hoje em dia não querem saber de
guria grávida minha filha! A propósito, ele tá ali fora, ele quer te ver.
-Mãe, eu não vou tomar a pílula.
A mãe bufou e se retirou, chamando o
namorado de Daniela.
-Oi amor! Meu Deus, como tu tá? Como
te pegaram? Eles te machucaram muito?
-Não, não fizeram nada além de me
estuprar...
-Ai amor, tu tá tristinha... Eu to
aqui, ninguém mais vai te fazer mal, eu juro.
-Não, não é isso.
-É o que então?
-Eu não quis tomar a pílula do dia
seguinte, e nem vou tomar! Poxa Lu, eu sei que eu também não tive culpa, mas o
meu filho não tem que pagar por isso. E tem mais...
- Com licença, mas você já está
liberada. Ainda hoje a gente procura os bandidos.
Daniela, os pais e Lúcio entraram no
carro e a volta pra casa foi um silêncio. Ao entrarem, o pai de Daniela gritou:
-Eu não acredito que tu não tomaste a
pílula! Tu és muito irresponsável! Quem vai ter que sustentar essa criança é
eu! Ela vai dar trabalho, estresse e vai te prejudicar nos estudos! Amanhã a
gente vai ao médico e ela vai te dar uma pílula e tu vai tomar!
-Não vou tomar!
-Vai sim! Ou tu tomas, ou...
-Ou o que pai?
-Ou tu sais de casa. Pega as tuas
coisas e sai de casa. Eu não vou ficar criando filho de ninguém.
Era assim na casa de Daniela: o pai
mandava, gritava, ordenava e a mãe dela acatava, já que dependia do marido
tanto financeiramente quando psicologicamente (ela não tinha mãe nem pai, era
só ela, o marido e a filha).
Lúcio, no meio de toda a discussão,
disse que subiria com Daniela pra conversar. Chegando lá, ele disse:
-Dani, tu pode vir morar comigo e a
gente cria essa criança juntos. Eu trabalho não ganho muito, mas trabalho, mais
com a grana da mãe, dá pra gente segurar as contas.
-Tu tá doido? O que a tua mãe
pensaria de ti me levando pra morar com vocês grávida?
-Ela gosta de ti, e quando tua mãe me
ligou, eu tava com ela e ela entende. Dani, vamos lá. É melhor tu vir comigo do
que tomar a bendita pílula e depois se arrepender. A gente casa e eu crio esse
filho como meu.
Daniela sentiu uma segurança tão
grande no namorado que não teve como dizer não. Eles desceram, já com as malas
dela prontas e se despediram.
O que Daniela não imaginava é que
sofreria um grande preconceito por parte dos seus amigos: "tu vai perder a
tua juventude" "tu é louca de fazer isso" "mãe com 16 anos?
Tá pensando o que?" "o que tu tem na cabeça?". Essas frases a
perseguiam, mas ela se manteve firme e forte e, com o apoio de Deus, estava
rezando, pedindo paz para que conseguisse viver uma vida tranquila com o noivo
e com o filho.
Hoje, em 2012, o pequeno André tem 2
aninhos. Lúcio e Daniela se casaram e conseguiram financiar um apartamento.
Daniela não vê mais o pai, mas vê a mãe às escondidas. Ela vive feliz e não se
arrepende do “Sim!” que deu ao seu filho.
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