"Na boa, acha alguém da tua laia que é melhor." Foi isso
o que o ex namorado da Débora disse pra ela quando viu que um guri no carnaval
agarrou ela e obviamente terminou com ela, mas aquela frase dele não saía de
sua cabeça. Então pensou em usar aquela frase a favor dela, afinal,
ela era gostosa, divertida, sorridente, parceira pras festas e muito mais.
Um dia qualquer
ela se arrumou: colocou um vestido preto justo e curto, um salto alto vermelho,
passou um batom vermelho, soltou os cabelos longos e lisos e foi à festa. Não
se passaram uma hora na balada e vários garotos já estavam na sua volta e ela
só fazendo charme esperando o garoto perfeito pra ela e finalmente ele
apareceu. O nome dele era Pedro, chegou todo sorridente, ofereceu a ela uma
bebida (nem se importou em perguntar a idade, ele pouco ligava se Débora tinha
16 anos, ela era gostosa e fim de papo), conversou com ela, dançou com ela e em
pouco tempo os dois estavam aos beijos, e que beijos. Débora não se importava
se o garoto passava a mão nela de uma forma até mesmo asquerosa, ela também
estava passando a mão nele.
Os dois trocaram
telefones e redes sociais e cada um foi pra sua casa. Passaram os dias e os
dois se falavam todos os dias, o tempo todo e a coisa foi ficando séria. Eles
saíam juntos, "ficavam" e assim ia rolando o relacionamento, até quem
um dia ele pediu-a em namoro e ela aceitou na hora. O que foi uma pena.
Os dois eram
intensos, gostavam de beijos quentes, iam a festas em que havia muitas drogas e
álcool e não demorou muito para terem relações sexuais sem camisinha, ela
apenas tomava pílula anticoncepcional. Foi a partir daí que começaram os
problemas. Os dois achavam que deveriam formar um casal moderno, ou seja: sexo
em grupo, por que não? Drogas? Dão uma sensação boa. Álcool? Deixa tudo mais
divertido. Esse era o pensamento deles, só que todas essas coisas juntas
influenciam na vida dos dois. Pedro pegou HIV de Débora em mais uma das
"diversões em grupo" deles. Os dois estavam viciados em cocaína e se
não houvesse bebida em alguma festa, não tinha graça.
Em outubro de
2011, o casal foi internado às pressas no hospital. A última coisa que um disse
pro outro foi:
-Eu te amo, mas
não quero morrer assim.
-Débi, tem coisa
melhor do que morrer junto com a pessoa que a gente mais ama?
-É verdade... É
tipo Romeu e Julieta?
-Pode ser amor,
mas relaxa, o Boca disse que cocaína não mata.
-Então tá meu
lindo, eu te amo.
-Eu te amo minha
gostosa.
O que o tal de
Boca não avisou é que HIV e cocaína e álcool em excesso matavam sim e foi disso
que eles morreram. No dia 10 de novembro Débora morreu e no dia 15 Pedro veio a
falecer também.
Ao receberem
as biópsias, as duas famílias entraram em conflito. Uma julgava a outra,
diziam que o filho ou a filha morreram por influência de outro. Errados. Débora
porque queria mostrar para o seu ex-namorado nerd que ela poderia arranjar um
garoto muito mais intenso do jeito que ela gostava e Pedro morreu porque queria
mostrar aos outros o quão descolado ele era, provando isso com a intensidade do
seu relacionamento. O desejo por intensidade matou os dois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário